domingo, 21 de abril de 2013

11. MEDIUNIDADE





Nos estudos anteriores, vimos que os espíritos podem se comunicar com os que aqui habitam o planeta (plano físico), e que esse intercâmbio remota a antiguidade e estava presente desde os povos mais primitivos.
        Allan Kardec não inventou o mundo espiritual, os médiuns e a mediunidade; apenas investigou os fenômenos e colocou os resultados da investigação a alcance da humanidade.
        Todos os fenômenos Espíritas tem como princípio a existência da alma, sua sobrevivência à morte do corpo físico e suas manifestações; por isso, esse fenômeno nada têm de fantástico ou sobrenatural e sim, obedece a uma Lei da Natureza.
No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica, não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo.

1. CONCEITO

“Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. (...) Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XIV).

Conforme asseverou o Codificador, todos mantemos contato com o Mundo Espiritual, pois vivemos em incessante intercâmbio com o mesmo. Desta forma, ao fazermos uma oração recebemos o amparo da espiritualidade maior, entramos em contato com as usinas de força da Vida Maior. Por conseguinte, estamos exercendo a mediunidade, haja vista que recebemos a influência dos espíritos superiores. E, pela questão da sintonia vibratória, isso também vale para os espíritos menos elevados, pois quando alguém tem pensamentos inferiores, espíritos que se afinam com estes são atraídos.
A mediunidade é a faculdade de comunicar-se com o mundo espiritual, o que não depende das qualidades morais nem da crença de seu portador, pode desabrochar inesperadamente em qualquer pessoa.
É graças à mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta ao mundo espiritual, trazendo-lhe informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados. Assim, possui uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza de suas responsabilidades de espírito imortal.


2. OS MÉDIUNS

"O pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento nós atraímos os que simpatizam com as nossas ideias e inclinações". Entretanto, usualmente só se chamam de médiuns “aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo IX)

(Do latim: médium = meio; intermediário; medianeiro).
 

Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo.
Como já foi mencionado, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.


3. MEDIUNIDADE EM DESARMONIA

        Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade em desarmonia são: cérebro perturbado, sensação de peso na cabeça e ombros, nervosismo (ficamos irritados por motivos sem importância), desassossego, insônia, arrepios (como se percebêssemos passar alguma coisa fria), sensação de cansaço geral, calor (como se encostássemos em algo quente), falta de ânimo para o trabalho e profunda tristeza ou excessiva alegria sem saber a razão.
Mas o que o médium deve fazer nestes momentos de alterações emocionais? Todo médium iniciante, a fim de evitar inconvenientes na prática mediúnica, primeiramente deve se dedicar ao indispensável estudo prévio da teoria e jamais se considerar dispensado de qualquer instrução, já que poderá ser vítima de mil ciladas que os espíritos mentirosos preparam para lhe explorar a presunção. Após o conhecimento teórico, deve procurar desdobrar a percepção psíquica sem qualquer receio. Na orientação do desenvolvimento mediúnico, é importante que procuremos as instruções espíritas, para evitarmos dissabores e percalços. É aconselhável o desenvolvimento mediúnico em grupos especialmente formados para isto, pois pessoas bem orientadas, que se reúnem com uma intenção comum, formam um ambiente coletivo favorável ao intercâmbio. É aconselhável ainda que o médium jamais abuse da mediunidade, empregando-a para a satisfação da curiosidade.


        Desenvolver a mediunidade é aprender a usá-la. Para que sejamos bem-sucedidos, devemos cultivar virtudes como a paciência, a perseverança, a boa vontade, a humildade e a sinceridade A mediunidade não se desenvolve de um dia para o outro, por isso, devemos ter muita paciência. Sem perseverança nada se alcança, pois o desenvolvimento exige que sejamos persistentes. Ter boa vontade é comparecermos alegres e cheios de satisfação às sessões de estudo. A humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus. E se faltarmos com a sinceridade no desempenho de nossas funções mediúnicas, mais cedo ou mais tarde sofreremos decepções. Ensinamentos é que não faltam em todas as circunstâncias de manifestações da vida. A faculdade mediúnica em harmonia pode fazer grandes coisas. A educação mediúnica pode começar no simples modo de falar aos outros, transmitindo brandura, alegria, amor e caridade em todos os atos da vida.

4. MEDIUNIDADE COM JESUS

“Restitui a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”. Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos e com isto querendo dizer “(...) que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar doentes e de expulsar os demônios, isto é, os maus Espíritos. Esse dom Deus lhes dera gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé; Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizessem dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida.”
Esta orientação dada por Jesus continua mais atual do que nunca, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá ser transformada em profissão ou fonte de rendas. “(...) Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.”
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos Espíritos. “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.”
Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção.
O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor. “(...) 
Chico Xavier, Apóstolo da Mediunidade.

Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura, em nome da Caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diverso terrenos da vida humana, na Terra.
Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. “(...) O Espírito humano segue em marcha necessária, imagem da graduação que experimenta tudo o que provoca o Universo visível e invisível. Todo progresso vem na sua hora: a da elevação moral soou para a Humanidade”. E o médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral.

5. CONCLUSÃO
       
Mediunidade espírita, porém, é a que faculta o intercâmbio consciente, responsável, entre o mundo físico e o espiritual, facultando a sublimação das provas pela superação da dor e pela renúncia às paixões, ao mesmo tempo abrindo à criatura os horizontes luminosos para a libertação total, mediante o serviço aos companheiros do caminho humano, gerando amor com os instrumentos da caridade redentora de que ninguém pode prescindir”. (Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco)





Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XXVI. Item 1, Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes.
2. Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Capítulo XXXI, item 11, Dissertações espíritas
3. Divaldo Pereira Franco. Estudos Espíritas. FEB 1995.
4. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Perg. 382, 389.
5. Francisco Cândido Xavier. Nos Domínios da Mediunidade. FEB 1993.

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