segunda-feira, 29 de abril de 2013

12. MEDIUNIDADE DOS SANTOS





Nos estudos anteriores sobre Mediunidade aprendemos que esta faculdade não é um fenômeno restrito de nosso tempo e cultura, que o intercâmbio com o mundo espiritual sempre ocorreu em todas as tradições, culturas, civilizações e tribos arcaicas. Por não ser exclusivo a nenhuma crença religiosa, o Espiritismo nos permite um estudo e uma apreciação mais clara e pura de como se processam os fenômenos mediúnicos (sobrenaturais).
        O objetivo desse texto é analisar os relatos tradicionais e oficiais da Igreja Católica sobre a mediunidade dos santos e buscar entender o universo gigantesco do potencial transcendente da consciência humana.
    Na existência dos grandes heróis da fé, que a Igreja denomina genericamente santos, encontramos os mais notáveis e maravilhosos testemunhos espirituais da ação inteligente do Mundo Invisível junto aos seres terrenos. O fato de serem ícones da Igreja católica não altera nada a fenomenologia que apresentam, apenas se tem uma interpretação diferente de seus prodígios. As fontes aqui utilizadas são citações de biógrafos dos santos ou autobiografia destes cujas obras foram autorizadas pela própria Igreja Católica. Os relatos e fatos citados foram extraídos de obras chanceladas com o imprimatur e o nihil obstat da Igreja.
       

1. MEDIUNIDADE NO CATOLICISMO

   Dentre as várias personalidades, destacam-se:



  • SANTA TERESA D’ÁVILA


A clarividência (faculdade de ver os espíritos) na vida de Santa Teresa de Jesus, a grande mística de Ávila, é por ela mesma atestada no magnífico volume de sua autobiografia, precioso conjunto de depoimentos mediúnicos que confirmam a veracidade e a lógica da interpretação espírita dos fenômenos psíquicos, tão abundantes na vida dos grandes santos quanto na missão dos verdadeiros médiuns.
As aparições de Cristo na vida da grande mística de Ávila são inúmeras. No capítulo VII de sua Vida, fala das graves irregularidades morais dos conventos espanhóis: “Usa-se tão pouco o caminho da verdadeira religião que o frade ou a freira que começam a seguir deveras os seus chamados, mais devem temer os companheiros de casa do que a todos os demônios... Não sei de que nos espantamos vendo que há tantos males na Igreja; pois aqueles que deveriam ser os exemplos de quem todos tirassem virtudes, só fazem manchar os esforços dos Santos, passados nas lides da religião.” E refere-se a determinadas visitas que compareciam aos conventos e que a Santa não cuidava serem moralmente perigosas: “Estando eu com uma pessoa pouco tempo depois de conhecê-la, quis o Senhor dar-me a entender que não me convinham aquelas amizades, avisar-me e dar-me luz em cegueira tão grande. Apareceu-me Cristo com grande rigor, dando-me a entender quanto aquilo Lhe pesava. Vi-O com os olhos da alma, mais claramente do que O poderia ver com os olhos do corpo e ficou aquilo tão bem impresso em mim que agora, passados vinte e seis anos, ainda me parece que O tenho presente...Fez-me muito mal o fato de não saber que era possível ver sem os olhos do corpo; e o demônio, que me ajudou nesse engano, fez-me entender que era coisa impossível; que eu o havia imaginado; que só poderia ser obra diabólica e outras coisas dessa espécie. Contudo, sempre me ficava a ideia de que fora obra de Deus e que não era ilusão”.
No texto, é explícita a declaração da clarividência da Santa. Cristo lhe apareceu e a repreendeu. Interessante é notar a observação seguinte. Diz Santa Teresa que viu Jesus “com os olhos da alma, mais claramente do que o poderia ver com os olhos do corpo”. Estava absolutamente certa a grande Doutora da Igreja. A Doutrina Espírita explica como se processa a sensibilização das antenas psíquicas para o fenômeno da clarividência.


  • SANTA BRÍGIDA


À semelhança das antigas profetisas do Velho e do Novo Testamento, na mesma tradição que remonta a Miriã, irmã de Moisés, com seus louvores a Deus e suas dificuldades mediúnicas; a Hulda, que profetizou a destruição de Jerusalém; a Débora, com suas intervenções na política de seu povo e de seu tempo e a Ana, filha de Fanuel, que reconheceu em Jesus menino, quando apresentado do Templo, o Cristo prometido e assim o proclamou... Na mesma trajetória espiritual de Francisco de Assis e de Catarina de Siena, Brígida dirige sua palavra inspirada ao povo da Suécia. Fala aos reis e aos príncipes de sua pátria, aos seus chefes religiosos locais e, finalmente, ao próprio Papa de Roma. Foi, por isso, chamada de “correio a serviço de um Grande Senhor”.
Transmite ao povo palavras proféticas, que ouve das elevadas esferas espirituais. Chega a anunciar catástrofes para a sua pátria e suas predições vieram a cumprir-se. No processo de canonização, Petrus Olai, seu confessor e que muitas vezes funcionou como seu secretário, relata que quando Fru Brigitta se estabeleceu em Alvastra (Suécia), no ano de 1346, “aconteceu que Deus lhe concedeu em grande abundância visões e divinas revelações; não enquanto ela dormia, mas em vigília, quando orava. O corpo permanecia como sempre, mas ela era arrebatada em êxtase, fora dos sentidos”. Era Petrus Olai que escrevia os ditados transcendentais e as traduzia para o latim (“...cominciò Petrus Olai a scrivere e a tradurre tutte le visioni e rivelazioni...”).
Em Roma, o Espírito de São Francisco de Assis lhe apareceu numa Igreja a ele dedicada, no Trastevere, no dia 4 de outubro de 1351, Brígida vê e ouve o Espírito do Poverello, que lhe fala com especial carinho. Meses depois, a Santa, em companhia de sua filha Karin (Catarina) e outros peregrinos se dirige a Assis. Joergensen descreve as impressões da vidente sueca ao chegar ao humilde santuário de Francisco. Traduzimos apenas o seguinte trecho: Sobre o altar não havia nenhum quadro, mas estava São Francisco em pessoa. Dos estigmas de suas mãos, de seus pés e do lado, EMANAVAM RAIOS DOURADOS; e esses raios traspassaram o coração de Brígida: ‘Bem-vinda sejas aqui, aonde te convidei. Mas existe uma morada que ainda é mais minha – a obediência...’
Santa Brígida escreveu sob inspiração (psicografou) um livro denominado Sermo Angelicus. Estava ela em Roma, por volta de 1350, hospedada num palácio que lhe fora oferecido temporariamente pelo Cardeal Hugo de Beaufort, irmão do Papa Clemente VI, e que na época residia em Avinhão. Foi na capela desse palácio que – como claramente se expressa Joergensen - , “Brígida, sob o ditado de um Anjo, escreveu o Sermo Angelicus”.


  • SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE


Ampla faculdade de clarividência possuiu Santa Margarida Maria Alacoque, a vidente de Paray-le-Monial. O Padre J. Croiset, em seu Compêndio diz que Margarida Maria desde a infância via os Espíritos de Jesus e de Maria Santíssima, havendo sido por gratidão à Santa Mãe do Senhor, que a curara de uma paralisia, que acrescentou o nome de Maria ao seu nome de batismo, Margarida Alacoque. Suas visões ela mesma descreve amplamente em sua autobiografia. "Minha Mãe Santíssima me disse amorosamente, para me consolar: 'Não temas coisa alguma; hás de ser minha verdadeira filha, e eu hei de ser sempre tua boa Mãe”.


  • SÃO JOÃO BOSCO

         

        Um dos mais notáveis fenômenos mediúnicos da vida de Dom João Bosco é o seu colóquio com o Espírito daquele que foi seu condiscípulo e íntimo amigo, uma nobilíssima alma, Luís Comollo. O fato foi testemunhado pela mãe do Santo, D. Margarida Bosco. O que não se pode saber ao certo - pelo silêncio que em torno do singular fenômeno fez Dom Bosco - é que se o acontecimento se limitou a simples clarividência, tão comum na vida do missionário italiano, ou se o Espírito de Luís Comollo se materializou e pôde, assim, conversar mais intimamente com seu amigo terreno. Esta última hipótese é bem plausível. De qualquer modo, entretanto, o fenômeno é extraordinário e quem o descreve é o ilustre Padre A. Auffray, no seu célebre Saint Jean Bosco, obra premiada pela Academia Francesa.
        Antes de 1870, quando se completou a unificação da Itália, Dom Bosco havia previsto (premonição) os acontecimentos políticos resultantes do "Risorgimento" e suas implicações com a Igreja Romana. Chamado pelo Papa, a quem escrevera sobre o assunto, São João Bosco anunciou a Pio IX os acontecimentos que realmente se verificaram em futuro próximo: "anunciou - conta o Padre Luís Chiavarino - a terrível batalha entre a França e a Prússia; predisse que as tropas de Napoleão seriam retiradas de Roma; falou da queda do Império Francês e das grandes catástrofes que se desencadeariam sobre a França..." Perguntou ainda ao Papa se poderia prosseguir com suas revelações. Mas, Pio IX, comovidíssimo com as predições, pediu-lhe que não continuasse.


  • SANTA JOANA D´ARC


A médium Joana D´Arc escutava a voz do espírito (clariaudiente) de S. Miguel, patrono dos franceses, acompanhado de Santa Catarina e Santa Margarida.


  • SANTA LUZIA



      Imune às chamas, teve visões do espírito de Santa Ágata e outras entidades espirituais, que a auxiliaram a realizar curas em Catânia.


  • SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA


Teve forças para livrar-se do constante assédio de espíritos inferiores. Foi clarividente, possuía o dom da profecia, de bilocação (está em dois lugares diferentes ao mesmo tempo) e cura. Curou uma menina de 4 anos, aleijada e atacada de epilepsia.


  • SÃO VICENTE DE PAULO


Viu em detalhes o desligamento e a ascensão do espírito de Santa Joana de Chantal. Depois, celebrando a missa pela defunta, teve nova visão, persuadindo-se de que aquela irmã era bem-aventurada e não precisava de orações.


2. CONCLUSÃO

    Os santos eram pessoas dotadas de função mediúnica, seus dons paranormais são perfeitamente observados, estudados e explicados pela Doutrina Espírita, constatando-se nenhum fato miraculoso ou inexplicável.

“Nós reconhecemos a existência de Missionários da Luz em todos os tempos e em todas as agremiações filosóficas ou religiosas da Terra. Não importa o nome que os designe: benfeitores espirituais, como comumente os chamamos, Missionários ou Santos, Gurus, Sufis, ou Arhats… Eles se encarnam em todas as pátrias e desfraldam em todos os ambientes humanos a bandeira da espiritualidade superior de que são intérpretes e mensageiros. Naturalmente, condicionam sua linguagem ao seu meio e ao seu tempo, como também é natural que sejam influenciados humanamente pela sua época e pelo seu ambiente”. (Clóvis Tavares)


3. REFERÊNCIAS
- Clóvis Nunes Tavares e Flávio Mussa. Mediunidade dos Santos. São Paulo: Prestígio, 2005.

domingo, 21 de abril de 2013

11. MEDIUNIDADE





Nos estudos anteriores, vimos que os espíritos podem se comunicar com os que aqui habitam o planeta (plano físico), e que esse intercâmbio remota a antiguidade e estava presente desde os povos mais primitivos.
        Allan Kardec não inventou o mundo espiritual, os médiuns e a mediunidade; apenas investigou os fenômenos e colocou os resultados da investigação a alcance da humanidade.
        Todos os fenômenos Espíritas tem como princípio a existência da alma, sua sobrevivência à morte do corpo físico e suas manifestações; por isso, esse fenômeno nada têm de fantástico ou sobrenatural e sim, obedece a uma Lei da Natureza.
No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica, não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo.

1. CONCEITO

“Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. (...) Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XIV).

Conforme asseverou o Codificador, todos mantemos contato com o Mundo Espiritual, pois vivemos em incessante intercâmbio com o mesmo. Desta forma, ao fazermos uma oração recebemos o amparo da espiritualidade maior, entramos em contato com as usinas de força da Vida Maior. Por conseguinte, estamos exercendo a mediunidade, haja vista que recebemos a influência dos espíritos superiores. E, pela questão da sintonia vibratória, isso também vale para os espíritos menos elevados, pois quando alguém tem pensamentos inferiores, espíritos que se afinam com estes são atraídos.
A mediunidade é a faculdade de comunicar-se com o mundo espiritual, o que não depende das qualidades morais nem da crença de seu portador, pode desabrochar inesperadamente em qualquer pessoa.
É graças à mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta ao mundo espiritual, trazendo-lhe informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados. Assim, possui uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza de suas responsabilidades de espírito imortal.


2. OS MÉDIUNS

"O pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento nós atraímos os que simpatizam com as nossas ideias e inclinações". Entretanto, usualmente só se chamam de médiuns “aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo IX)

(Do latim: médium = meio; intermediário; medianeiro).
 

Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens; aquele que em um grau qualquer sente a influência dos Espíritos de modo ostensivo.
Como já foi mencionado, todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos, é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuem um rudimento dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.


3. MEDIUNIDADE EM DESARMONIA

        Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade em desarmonia são: cérebro perturbado, sensação de peso na cabeça e ombros, nervosismo (ficamos irritados por motivos sem importância), desassossego, insônia, arrepios (como se percebêssemos passar alguma coisa fria), sensação de cansaço geral, calor (como se encostássemos em algo quente), falta de ânimo para o trabalho e profunda tristeza ou excessiva alegria sem saber a razão.
Mas o que o médium deve fazer nestes momentos de alterações emocionais? Todo médium iniciante, a fim de evitar inconvenientes na prática mediúnica, primeiramente deve se dedicar ao indispensável estudo prévio da teoria e jamais se considerar dispensado de qualquer instrução, já que poderá ser vítima de mil ciladas que os espíritos mentirosos preparam para lhe explorar a presunção. Após o conhecimento teórico, deve procurar desdobrar a percepção psíquica sem qualquer receio. Na orientação do desenvolvimento mediúnico, é importante que procuremos as instruções espíritas, para evitarmos dissabores e percalços. É aconselhável o desenvolvimento mediúnico em grupos especialmente formados para isto, pois pessoas bem orientadas, que se reúnem com uma intenção comum, formam um ambiente coletivo favorável ao intercâmbio. É aconselhável ainda que o médium jamais abuse da mediunidade, empregando-a para a satisfação da curiosidade.


        Desenvolver a mediunidade é aprender a usá-la. Para que sejamos bem-sucedidos, devemos cultivar virtudes como a paciência, a perseverança, a boa vontade, a humildade e a sinceridade A mediunidade não se desenvolve de um dia para o outro, por isso, devemos ter muita paciência. Sem perseverança nada se alcança, pois o desenvolvimento exige que sejamos persistentes. Ter boa vontade é comparecermos alegres e cheios de satisfação às sessões de estudo. A humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus. E se faltarmos com a sinceridade no desempenho de nossas funções mediúnicas, mais cedo ou mais tarde sofreremos decepções. Ensinamentos é que não faltam em todas as circunstâncias de manifestações da vida. A faculdade mediúnica em harmonia pode fazer grandes coisas. A educação mediúnica pode começar no simples modo de falar aos outros, transmitindo brandura, alegria, amor e caridade em todos os atos da vida.

4. MEDIUNIDADE COM JESUS

“Restitui a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”. Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos e com isto querendo dizer “(...) que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar doentes e de expulsar os demônios, isto é, os maus Espíritos. Esse dom Deus lhes dera gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé; Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizessem dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida.”
Esta orientação dada por Jesus continua mais atual do que nunca, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá ser transformada em profissão ou fonte de rendas. “(...) Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.”
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos Espíritos. “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.”
Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção.
O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor. “(...) 
Chico Xavier, Apóstolo da Mediunidade.

Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura, em nome da Caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diverso terrenos da vida humana, na Terra.
Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. “(...) O Espírito humano segue em marcha necessária, imagem da graduação que experimenta tudo o que provoca o Universo visível e invisível. Todo progresso vem na sua hora: a da elevação moral soou para a Humanidade”. E o médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral.

5. CONCLUSÃO
       
Mediunidade espírita, porém, é a que faculta o intercâmbio consciente, responsável, entre o mundo físico e o espiritual, facultando a sublimação das provas pela superação da dor e pela renúncia às paixões, ao mesmo tempo abrindo à criatura os horizontes luminosos para a libertação total, mediante o serviço aos companheiros do caminho humano, gerando amor com os instrumentos da caridade redentora de que ninguém pode prescindir”. (Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco)





Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XXVI. Item 1, Daí gratuitamente o que gratuitamente recebestes.
2. Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Capítulo XXXI, item 11, Dissertações espíritas
3. Divaldo Pereira Franco. Estudos Espíritas. FEB 1995.
4. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Perg. 382, 389.
5. Francisco Cândido Xavier. Nos Domínios da Mediunidade. FEB 1993.

domingo, 14 de abril de 2013

10. A COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS




Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a crença na imortalidade da alma e a possibilidade da comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.
Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões desaparecidas, das crenças mortas, veremos que todas elas tinham um ensinamento dúplice: um exterior ou público, com suas cerimônias bizarras, rituais e mitos, e outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado. Os aspectos exteriores eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que o aspecto interior era revelado apenas a indivíduos especiais (iniciados).
Julgar uma religião apenas levando em consideração o seu aspecto exterior, será o mesmo que apreciar o valor moral de uma pessoa por suas vestes. Analisando o aspecto interior destas religiões, observaremos que todos os ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que os homens trazem intuitivamente, desde um passado longínquo. 


01. RELIGIÕES DO PASSADO

  •  ÍNDIA

Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro dos Vedas, datado de aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido reconhecido como o mais antigo código religioso da Humanidade; são quatro livros cujo conteúdo principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas, acreditam que este código religioso foi ditado por Brahma. Nos Vedas encontramos afirmativas claras sobre imortalidade da alma e a recriação:

"Há uma parte imortal no Homem, o Agni, ela é que é preciso rescaldar com teus raios, inflamar com os teus fogos(...).

(...) Assim como se deixam as vestes gastas, para usar novas vestes,
também a alma deixa o corpo usado para recobrir novos corpos."


Ainda na Índia, encontramos Krishna, educado por ascetas nas florestas do cume do Himalaia, inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade um reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a ideia da imortalidade da alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação entre vivos e mortos:

"O corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada,
é uma coisa finita, porém a alma que o habita
é invisível, imponderável e eterna."

"Todo renascimento feliz ou infeliz é consequência
das obras praticadas em vidas anteriores."

Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de Krishna, que podem ser encontrados nos livros sagrados, conservados nos santuários ao sul do Industão.
Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o Buda, filho de um rei da Índia, que certo dia saindo do castelo, onde até então vivera, tem contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de grande tristeza, refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, depois de aproximadamente 15 anos de meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova crença, toda baseada na caridade e no amor:

"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está condenado a cadeia das existências terrestres."

"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."

Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contemplação aos mortos:

"Durante este estado, o Espírito entra em comunicação
com as almas que já deixaram a Terra."


  • EGITO

No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências psíquicas atuais eram familiares aos sacerdotes da época; o conhecimento das formas fluídicas e do magnetismo eram comuns. O destino da alma, a comunicação com os mortos, a pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos, estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós, os papiros, deixam claro todos estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em outras religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o povo, por interesse de poder dos soberanos, praticamente mantinha-se ignorante a este respeito.


  •  CHINA

Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que com os seus discípulos (iniciados), mantinham no culto dos antepassados a base de sua fé. Neste culto, a ideia da imortalidade e a possibilidade da evocação dos mortos era clara.



  • ISRAEL

Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legislador hebreu, observando a ignorância e o despreparo de seu povo, procura através de uma lei disciplinar, educar os hebreus com relação a evocação dos mortos. Se houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre este povo da Antiguidade. Moisés assim se referiu:

"Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos,
nem interrogue os mortos para saber a verdade."


Não havia chegado o momento para tais revelações. Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era possuidor de uma mediunidade
fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamentos", no Sinai, que até hoje representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.


  • GRÉCIA

Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos, desta progressista civilização, se referem a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.) Astófanes, Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400 a.C.). A ideia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da multiplicidade das existências era por eles transmitidas a todos os seus iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas claridades espirituais, tem uma existência que em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo:


"A alma quando despida do corpo, conserva evidentes,
os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas
que lhe deixaram todos os atos de sua vida."


  • JESUS

Jesus teve sua existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo Testamento traz citações claras e belas em suas mais diferentes modalidades, como na conversa e aparição dos profetas Elias e Moisés na transfiguração do Tabor.



  • IDADE MÉDIA

A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da religião era praticado apenas por sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas foram sacrificadas sob a acusação de feitiçaria, por evocarem os mortos.
Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos, podemos citar como uma grande figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês, sob orientação de "suas vozes", deixou claro a possibilidade da comunicação entre os vivos e os mortos.



  • O ESPIRITISMO

Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no estado de New York (EUA), na casa da família Fox, que o fenômeno mediúnico começaria a ser conhecido em todo o mundo.
Chegara o momento em que todas as coisas deveriam ser restabelecidas. Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo à Doutrina dos Espíritos: Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou Allan Kardec, como ficou conhecido.
Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um trabalho criterioso e científico sobre o fenômeno mediúnico e após alguns anos de estudos sistematizados lançou, em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos; em 1859 - O Que é o Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O Evangelho Segundo o Espiritismo; em 1865 – O Céu e o Inferno; e em 1868 - A Gênese.
Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação da Doutrina Espírita reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador prometido por Jesus.

02. DA PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS MORTOS


A Igreja de modo algum nega a realidade das manifestações. Ao contrário, admite-as totalmente, atribuindo-as à exclusiva intervenção dos demônios.
É debalde invocar os Evangelhos como fazem alguns para justificar a sua interdição, visto que os Evangelhos nada dizem a esse respeito. O supremo argumento que prevalece é a proibição de Moisés.

"Não é permitido entreter relações com eles (os Espíritos), seja imediatamente, seja por intermédio dos que os evocam e interrogam.

A lei moisaica punia os gentios. Não procureis os mágicos, diz o Levítico, nem procureis saber coisa alguma dos adivinhos, de maneira a vos contaminardes por meio deles. (Cap. XIX, v. 31.) Morra de morte o homem ou a mulher em quem houver Espírito pitônico; sejam apedrejados e sobre eles recaia seu sangue. (Cap. XX, v. 27.)
O Deuteronômio diz: Nunca exista entre vós quem consulte adivinhos, quem observe sonhos e agouros, quem use de malefícios, sortilégios, encantamentos, ou consultem os que têm o Espírito pitônico e se dão a práticas de adivinhação interrogando os mortos. O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa entrada, as nações que cometem tais crimes." (Cap. XVIII, vv. 10, 11 e 12.).
Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios.
Estas palavras são inequívocas e provam claramente que nesse tempo as evocações tinham por fim a adivinhação, ao mesmo tempo que constituíam comércio, associadas às práticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. Moisés tinha razão, portanto, proibindo tais coisas e afirmando que Deus as abominava.
Essas práticas supersticiosas perpetuaram-se até à Idade Média, mas hoje a razão predomina, ao mesmo tempo que o Espiritismo veio mostrar o fim exclusivamente moral, consolador e religioso das relações de além-túmulo.
Uma vez, porém, que os espíritas não fazem qualquer sacrifífio nem fazem libações para honrar deuses; uma vez que não interrogam astros, mortos e augures para adivinhar a verdade sabiamente velada aos homens; uma vez que repudiam traficar com a faculdade de comunicar com os Espíritos; uma vez que os não move a curiosidade nem a cupidez, mas um sentimento de piedade, um desejo de instruir-se e melhorar-se, aliviando as almas sofredoras; uma vez que assim é, porque o é – a proibição de Moisés não lhes pode ser extensiva.

Se os que clamam injustamente contra os espíritas se aprofundassem mais no sentido das palavras bíblicas, reconheceriam que nada existe de análogo, nos princípios do Espiritismo, com o que se passava entre os hebreus. A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; mas os seus adversários, no afã de encontrar argumentos com que rebatam as novas ideias, nem se apercebem que tais argumentos são negativos, por serem completamente falsos.


FONTES DE CONSULTA
- KARDEC, Allan. Da Proibição de Evocar os Mortos. In: - O Céu e o Inferno.
- Intervenção dos Demônios nas Modernas Manifestações. In: O Céu e o Inferno.
- O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983. Introdução, item 6.
- VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de Almeida.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade. In: _ . Estudos Espíritas . Pelo Espírito Joan-na de Ângelis. FEB, 1995.