A Lei de Causa e Efeito, conhecida também com o nome de Lei
de Ação e Reação ou Lei do Carma, é uma lei natural, espiritual e universal,
essencial para a evolução das almas. André Luiz [Ação e Reação] nos diz: “É a conta do destino criada por nós mesmo,
englobando os créditos e os débitos que em particular nos digam respeito. É o
sistema de contabilidade do Governo da Vida.” Consiste, portanto, nos padrões de hábito que uma
pessoa estabeleceu e as repercussões desses padrões sobre si mesma e sobre os
outros.
- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Allan Kardec examina [O Céu e o Inferno - cap. VII] com profundidade a Lei
de Causa e Efeito. Através de 33 itens, ele tece inúmeros comentários
importantes a respeito. Apresentamos uma síntese:
- “O estado feliz ou desgraçado de um Espírito é inerente ao seu grau de pureza ou impureza. A completa felicidade prende-se à perfeição. Toda imperfeição é causa de sofrimento e toda virtude é fonte de prazer.”
O homem sofre em função dos defeitos que tem: a inveja, o
ciúme, a ambição, os vícios sociais são as causas fundamentais dos sofrimentos.
Diz Kardec, que a alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que
a que tem três ou quatro. Portanto, o único caminho que nos levará à felicidade
completa é o do esforço constante no combate às más inclinações, através da
reforma íntima;
- “O bem como o mal são voluntários e facultativos: livre o homem não fatalmente impelido para um nem para outro.”
Em [Livro dos Espíritos - questão 645] os benfeitores espirituais afirmam que não
há arrastamento irresistível. O homem tem sempre liberdade de escolher entre o
bem e o mal e seguir o caminho da correção ou do vício. Por esse motivo, por
ter escolhido livremente a opção a tomar, ele torna-se responsável pelos seus
atos. Emmanuel diz: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.”
- “A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem quer provocando-os pelo exemplo quer não os impedindo quando poderia fazê-los.”
Perante a Lei de Causa e Efeito não existem “vítimas”. Só
respondemos pelos nossos atos e jamais pelos atos alheios. A ninguém deve o
homem culpar em caso de sofrimento, a não ser a ele mesmo, pela sua incúria,
seus excessos ou a sua ambição. Quando mais de uma pessoa vêm a cometer o mesmo erro,
tornam-se todos incursos na Lei de Causa e Efeito e, muitas vezes, deverão,
juntos, repararem esse erro. Muitos casos de calamidades coletivas, expiações
de grupos ou famílias inteiras enquadram-se nessa situação.
O carma, portanto, pode ser:
- Individual:
um único Espírito está incurso na Lei;
- Familiar:
quando vários membros de um mesmo núcleo familiar estão inseridos no processo
cármico;
- Coletivo:
quando toda uma coletividade comprometeu-se com a mesma falta.
- "A alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito.”
Céu e Inferno, ensina-nos a Doutrina Espírita são estados de
consciência. O primeiro corresponde a uma consciência tranqüila em função do
serviço bem feito e da atitude sempre correta. O segundo existe em decorrência
da culpa, do remorso, que cria para a alma viciosa um campo magnético negativo,
através do qual as obsessões, as enfermidades físicas ou psíquicas, ou mesmo os
lances desditosos da existência vão se desenvolver.
André Luiz denomina “zona de remorso” a esta área que
se estabelece na consciência do homem ante a atitude incorreta. Segundo este
autor, a “zona de remorso” será responsável pela radiação doentia que vai
infelicitar o perispírito do indivíduo, carreando para ele uma série de
possibilidades dolorosas.
Mecanismo da dor
- “Toda falta cometida é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for na mesma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes.”
Em muitas oportunidades, as faltas cometidas numa existência,
podem ser reparadas na mesma encarnação; outras vezes, somente na existência
posterior terá a alma culpada condições de resgate; e, em determinadas
situações, serão necessárias diversas encarnações para que a dívida seja
saldada.
O espírito Bezerra de Menezes no livro Dramas da Obsessão, lembra que em algumas
oportunidades a alma culpada não possui condição evolutiva ou estrutura
psicológica para receber a carga de sofrimento, decorrente do erro. Nestes
casos, a lei dá-lhe um tempo de moratória para que se estruture intimamente e
possa, no futuro, responder pela falta. Registramos as palavras do benfeitor:
“Existem obsessores tolhidos numa reencarnação para a
experiência de catequese, quando, então, todas as facilidades para um
aprendizado eficaz das leis do Amor e da Fraternidade lhes serão apresentadas.
Muitos, só mais tarde, em encarnações posteriores, estarão em fase de
reparações e resgates.”
- “Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anteriores existências.”
Allan Kardec comenta [Livro dos Espíritos - questão 973]: “cada um é punido
naquilo em que errou”; porque observa-se uma correspondência íntima entre o
tipo de sofrimento e o tipo de falta. André Luiz [Ação e Reação] apresenta
várias possibilidades, como mostra o quadro abaixo.
Quadro - Lei de
Causa e Efeito
Falta
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Resgate
|
Aborto
|
Esterilidade, doenças genitais
|
Incontinência sexual ou erros no amor
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Impotência sexual ou frigidez, decepções da vida
afetiva
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Ociosidade, indolência
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Desempregos, má remuneração profissional, paralisias
|
Calúnia ou maledicência
|
Doenças das cordas vocais
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Beleza física mal canalizada
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Doenças de pele
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Erros cometidos no esporte e na dança
|
Reumatismos diversos
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Inteligência canalizada para o mal
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Hidrocefalia, oligofrenias
|
Suicídio
|
Doenças congênitas graves, acidentes mortais na
infância e adolescência
|
- “A mesma falta pode determinar expiações diversas, conforme as circunstância atenuantes ou agravantes.”
Dois fatores condicionam sempre a gravidade de uma falta: a
intenção e o conhecimento do erro. Embora as faltas sejam sempre as mesmas, a
responsabilidade do culpado ante o deslize será maior ou menor em função do
grau de conhecimento que ele possui e de sua intenção ao cometê-lo.
Com relação ao grau de adiantamento, Kardec informa que as
almas mais grosseiras e atrasadas são, via de regra, mais atingidas pelos
sofrimentos materiais, enquanto os Espíritos de maior sensibilidade e cultura
são mais vulneráveis aos sofrimentos morais.
- “Não há uma única ação meritória que se perca: todo ato meritório terá recompensa.”
A Lei de Causa e Efeito não apenas pune o culpado, mas também
premia a alma vitoriosa. Denomina-se “carma positivo” aos condicionamentos
sadios que o Espírito atrai para si, em decorrência de atitudes corretas e
vivência altruística;
- "A duração do castigo depende da melhoria do culpado. O Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar o sofrimento pela persistência no mal ou suavizá-la ou mesmo superá-la em função de sua maneira de proceder.”
Kardec mostra que não existe condenação por tempo
determinado. O que Deus exige, por termo do sofrimento, é um melhoramento
sério, efetivo, sincero de volta ao bem;
- "Arrependimento, expiação e reparação constituem as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta.”
O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer
tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Mas não basta o
arrependimento, embora ele suavize os cravos da expiação. A expiação consiste nos sofrimentos físicos ou morais que são
conseqüentes à falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte,
ou ainda em nova existência corporal.
A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia
feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, achar-se numa
encarnação ulterior em contato com as mesmas pessoas de modo a demonstrar
reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.
Fases do resgate do
erro
1.Arrependimento
2.Expiação
3.Reparação
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
•
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
•
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
•
Céu e Inferno - Allan Kardec
•
Ação e Reação - André Luiz/Chico Xavier
•
Vidas de Outrora - Eliseu Rigonatti
•
Dramas da Obsessão - Bezerra de Menezes/Yvonne Pereira