terça-feira, 21 de maio de 2013

15. UNIÃO DA ALMA AO CORPO






Na questão 344 do Livro dos Espíritos lemos que:

344. Em que momento a alma se une ao corpo?
“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”


 1. OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO

Deus criou os Espíritos simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal. O destino de todos é a perfeição espiritual e, para atingi-la, devem passar por experiências e adquirir conhecimentos, fortalecendo-se no exercício do bem e desenvolvendo em si o amor sublime.
A vida na matéria propicia o aperfeiçoamento do Espírito. Ao assumir um corpo, ou seja, ao encarnar, os Espíritos são submetidos a situações e provas necessárias ao seu adiantamento moral. Quando erram e não atingem os objetivos propostos em determinada encarnação, voltam a sofrer as vicissitudes da vida corporal, reencarnando em tarefa expiatória. A vida na matéria possibilita, ainda, a cooperação de cada Espírito com a Obra Divina, no mundo em que habita.
Como todos os fenômenos da vida, a encarnação está sujeita a leis imutáveis. Os processos de encarnação, embora obedecendo aos princípios gerais estabelecidos pelas leis divinas, variam de caso para caso. 


A união da alma ao corpo é planejada previamente, tendo como principal determinante, no nosso Orbe, as provas ou expiações pelas quais o Espírito deverá passar, com o objetivo de sua redenção. O encarnante poderá cooperar ou trabalhar ativamente nesse planejamento. De acordo com o grau evolutivo em que se encontre, o Espírito poderá facilitar ou dificultar o processo do renascimento. Os que se detêm no desamor e no desequilíbrio reclamam cooperação muito maior dos benfeitores que se encarregam das tarefas de renascimento. Os Espíritos rebeldes ou indiferentes têm sua encarnação completamente a cargo dos trabalhadores divinos, que escolhem as condições sob as quais deverão renascer e as experiências a que deverão se submeter.
A maioria dos que retornam à existência corporal na esfera do Globo é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhe organizam novas tarefas redentoras. Muitos encarnam em estado de inconsciência. Os processos de encarnação são operações graduais: iniciam-se na concepção e se completam no nascimento. A união da alma com o corpo efetua-se por meio do perispírito, envoltório fluídico, que servirá de ligação entre o Espírito e a matéria. Em mecanismo extremamente variado e complexo, quer pela ação do próprio reencarnante, quer pela ação dos benfeitores espirituais, o perispírito é reduzido, condensado e se assimila às moléculas materiais.
O perispírito torna-se um molde fluídico que age sobre o corpo em formação, juntamente com as condicionantes hereditárias, a influência mental materna e a atuação dos benfeitores que colaboram no processo reencarnatório. A modelagem fetal e o desenvolvimento do embrião obedecem a leis físicas naturais, qual ocorre na organização de formas em outros ramos da Natureza, mas, em todos esses fenômenos, os ascendentes de cooperação espiritual coexistem com as leis, de acordo com os planos de evolução ou resgate. 


        Pelas necessidades de expiação ou de provas, o corpo em formação poderá apresentar deficiências ou qualidades, que se constituirão em oportunidades de redenção ou reequilíbrio. No período que se estende da concepção ao nascimento o estado do encarnante assemelha-se ao do Espírito encarnado durante o sono. Os Espíritos mais evoluídos gozam de maior liberdade. Contudo, desde o momento da concepção, o Espírito sente as consequências de sua nova condição. Começa a se sentir perturbado. Uma espécie de torpor, agonia e abatimento o envolvem gradualmente, intensificando-se até o término da vida intra-uterina. Suas faculdades vão-se velando uma após outra, a memória desaparece, a consciência fica adormecida, e o Espírito como que é sepultado em opressiva crisálida. Esse fenômeno se deve à constrição do períspirito e à sua limitação pelo corpo, que fazem com que a existência no Plano Espiritual e a consciência das vidas pregressas volvam ao inconsciente.
O esquecimento do passado não é absoluto. Durante o sono, libertado parcialmente dos laços corporais, o Espírito pode ter a consciência do pretérito. Em muitas pessoas, o passado manifesta-se sob a forma de impressões e em algumas poucas sob a forma de recordações, umas nítidas, outras vagas e imprecisas. As reminiscências do passado podem manifestar-se com tendências instintivas, simpatias inexplicáveis e súbitas, ideias inatas etc. Isso acontece pelo fato de que o movimento vibratório do invólucro perispiritual, amortecido pela matéria no decurso da vida atual, é excessivamente fraco para que o grau de intensidade e a duração necessária à renovação dessas recordações possam ser obtidos durante a vigília.
A oclusão da memória espiritual também não é definitiva. Com a desencarnação, liberto das contingências materiais, o Espírito poderá retomar a consciência de seu passado. Esse mecanismo, que faz com que o homem possa esquecer suas experiências anteriores ao nascimento, é prova irrefutável da Sabedoria Divina. O conhecimento total da vida passada, em outras encarnações e no Plano Espiritual, apresentaria grandes inconvenientes para a reeducação dos indivíduos e para o progresso da Humanidade. Implicaria em maiores dificuldades ao Espírito na tarefa de transformação de sua herança mental e talvez no prolongamento, através dos séculos, de ideias falsas, teorias errôneas e preconceitos, que geralmente são tanto mais ativos quanto mais presentes na memória do ser.
Na sua vida de relações, o homem teria de conviver com antigos adversários, com o objetivo da reconciliação. Se os reconhecesse, encontraria dificuldades para estabelecer os vínculos afetivos necessários ao entendimento mútuo. Na qualidade de ofensor poderia se sentir humilhado e, na qualidade de ofendido, magoado ou irado. Por outro lado, o conhecimento de um passa do faustoso poderia avivar o orgulho humano, enquanto que um passado de miséria ou de erros terríveis poderia causar desnecessária humilhação e talvez o remorso viesse a paralisar todas as iniciativas no bem.
Para que o homem progrida espiritualmente e cumpra o programa de trabalho que assumiu ao renascer no corpo físico, não é necessária a lembrança das experiências anteriores. Na forma de intuições e impressões, o Espírito encarnado tem por advertência, a não reincidir no erro, as lições do passa do impressas na própria consciência, bem como as boas resoluções que tomou no sentido de sua melhoria interior.
As tendências instintivas e, em alguns casos, o tipo de vicissitudes e provas que sofre também podem esclarecer o homem sobre seu passado e sobre a natureza dos esforços que tem de envidar para sua evolução. A observação de suas más inclinações e das dificuldades por que passa permitirá que saiba o que foi, o que fez e o que necessitará fazer para se corrigir.


FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan. Da Volta do Espírito à Vida Corporal. In: O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro, Rio de Janeiro, FEB, 1994. Parte 2. Cap. VII. Perg. 344, 351, comentário à perg. 394. Parte 2. Cap. I. Perg. 121.
02 - DENIS, Léon.Reencarnação. In: .Depois da Morte. Trad. de João Lourenço de Souza. 19. ed. Rio de Janeiro, FEB; l996. 
03 - O Problema do Destino. In: O Problema do Ser do Destino e da Dor. 16. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1991.
04 - XAVIER, Francisco Cândidos Reencarnação. In: . Missionários da
Luz. Ditado pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

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