domingo, 11 de maio de 2014

21- DIA DAS MÃES

     

     Convencionou-se, no Brasil, homenagear as mães no mês de maio, mais precisamente em seu segundo domingo.
     Assim, com larga antecedência, o comércio em geral aciona os meios de comunicação e todos somos convocados, quase que “intimados” pelo clima que se cria, a participar do evento, obviamente comprando, no mínimo, um presente.
     Com todo o respeito, pensamos que dia das mães é todo dia e que há outros meios, bem melhores, de homenageá-las.
     Com efeito, um deles, bastante simples mas profundo, seria agradecer-lhes, diariamente, por terem concordado, juntamente com nossos pais, com o nosso renascimento na Terra, permitindo, assim, a nossa reencarnação, verdadeira bênção da oportunidade!
     Sim, a oportunidade da vida, das provas, das expiações, do progresso intelectual e moral, da evolução enfim, que a todos nós conduzirá, um dia, à perfeição relativa e à felicidade suprema.
     Para se ter uma ideia, por comparação, do que representa a oportunidade do renascer, basta que se diga que, apenas no Brasil, são realizados cerca de 5.000.000 (cinco milhões) de abortos por ano, de acordo com estatísticas não oficiais. É possível, e até provável, que este número seja ainda maior.
     Ora, como bem esclarece o Espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco, “Um filho, em qualquer circunstância, é compromisso assumido antes do berço pelos genitores que responderão, perante as divinas Leis, pelo comportamento a que se entreguem” ( encontrável no livro Luz Viva, p. 74), não sem antes definir que “A vida não é patrimônio da criatura humana, que apenas empresta ao Espírito o envoltório carnal transitório, não lhe cabendo, portanto, o direito de a fazer cessar” (obra citada, p. 73).
     A propósito, na questão 880 de O Livro dos Espíritos, perguntou Allan Kardec: “Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?”, ao que os Espíritos, liderados pelo Espírito Verdade, responderam: “O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.
     É claro que não estamos aqui incluindo os abortos espontâneo e terapêutico, este último realizado para salvação da vida orgânica da gestante, de que trata a pergunta nº 359 de O Livro dos Espíritos, obra basilar da Doutrina Espírita.
     Aliás, interessante salientar que, nesse ponto, coincide a legislação humana (pelo menos a brasileira) com a legislação divina, posto que, no Brasil, quando houver grave risco à gestante, o aborto não é considerado crime.
     Nas demais hipóteses (conquanto pela legislação brasileira, hoje, também não seja considerado crime o aborto, provocado, em caso de fecundação resultante de estupro), sob o enfoque das Leis Divinas, que são perfeitas e, por isso mesmo, imutáveis, o aborto, em verdade, é um crime hediondo contra um ser que não pode se defender e nem sequer pode suplicar por piedade, por clemência.
Ademais disso, não podemos nos esquecer da advertência do Espírito Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, que “Todo filho é empréstimo sagrado que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna devolução ao Genitor Celeste” (Após a Tempestade, p. 70).
     Por outro lado, importantíssimo destacar o ensinamento do Espírito Camilo através da mediunidade de José Raul Teixeira, a saber: “Desse modo, se desejarmos eliminar da esfera do mundo as práticas nefandas do aborto criminoso e infeliz, carecemos de reestruturar a educação da criança, do jovem, do homem, da mulher, a fim de que as ideias do bem, do amor, do respeito à vida se tornem o oxigênio da Humanidade, fazendo felizes as criaturas. É para realizar esse desiderato, o de conduzir o gênero humano nos caminhos da prudência e do equilíbrio, andando com passos firmes para Deus, que o Espiritismo luziu sobre a Terra, para cumprir o mister de educar e reeducar as almas, abolindo, definitivamente, o aborto das concepções do bem no mundo” (Cintilação das Estrelas, p. 94).
     Assim sendo, não é difícil concluir que nós, espíritos agora encarnados, somos ou devemos ser muito gratos às nossas mães, que, com a participação de nossos pais, nos permitiram renascer, oferecendo-nos nova e valiosa oportunidade. E que oportunidade!
Por isso, expressando esse sentimento, o sentimento da gratidão, todos os dias, às nossas mães, encarnadas ou não, estaremos prestando homenagem compatível com a maternidade, verdadeira missão do espírito encarnado em corpo feminil no planeta Terra. 



 CARTA DE AGRADECIMENTO
 (Amélia Rodrigues)


Mãezinha querida:
Conceda-me sua bênção!
Trago os olhos orvalhados de lágrimas ante o calidoscópio das recordações da nossa inesquecível comunhão terrestre.
Você havia programado para sua filha toda uma trajetória de felicidade e empenhou-se para que se tornasse exequível a consecução dos seus planos.
Investiu sua existência abençoada pela ternura e pelo amor, sem propor qualquer exigência.
Desde os primeiros dias da nossa convivência, enquanto me embalava nos braços cantando as ternas canções de ninar, o seu pensamento voava na direção do futuro, pintando as paisagens ditosas para sua menina.
Cresci sob o céu generoso do seu coração aberto ao enternecimento, sempre irrigada e mantida pela inefável vigilância do seu devotamento.
À semelhança de uma delicada flor, você cuidava de mim, impedindo que os fatores de destruição me alcançassem.
Enrijeceu-me os sentimentos morais em torno dos deveres e das responsabilidades, desenvolveu-me a inteligência com os recursos da sua pedagogia sábia e impulsionou-me ao progresso espiritual...
Mas eu não me dava conta, porém, no meu estado de crescimento intelecto-moral, dos sacrifícios que tudo isto lhe causava, sem compreender que o pavio da vela que produz luz, gasta-se enquanto arde e consome o combustível que sustenta a claridade.
Foi, desse modo, que você partiu para a imortalidade, quando estava a um passo do triunfo terreno.
Jamais olvidarei o seu olhar de despedida, quando os lábios já não podiam emitir os sons das palavras.
Logo depois, alcancei o pódio da glória e recebi muitas homenagens.
Ninguém pensou, no entanto, que eu era o fruto da sua devoção, o resultado do seu miraculoso trabalho de modelar a argila que eu era, elaborando aquilo em que me transformei.
Venho hoje agradecer-lhe, estrela da minha noite e luz perene de todos os meus dias.
As palavras são muito pobres para expressar-lhe o meu amor infinito e toda a minha gratidão.
Enquanto as mães tecerem a túnica de proteção enobrecedora para os filhos, a Humanidade estará garantida e avançará conquistando o infinito.
Quando vemos o desar e o sofrimento na Terra, em verdadeiro campeonato de alucinações, percebemos que somente o amor, conforme o possuem as mães, poderá deter o avanço dessas aflições tormentosas.
As mães logram atenuar a violência e a loucura generalizada, muitas vezes sendo suas vítimas em holocaustos de autodoação, que terminam por modificar a Terra em agonia...
No dia dedicado a todas as mães, desejo transferir para você, que prossegue acompanhando-me do zimbório celeste, todo o meu carinho e afeto, à medida que você vem deixando o rastro iluminado para que eu possa um dia alcançá-la no Paraíso, após concluída a minha tarefa humana.
Eis, porém, que agora, liberta dos grilhões constritores da matéria, inicio a ascensão em sua busca, aguardando o seu apoio e proteção.
Mãezinha querida!
Que Deus a abençoe sempre!

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